20080622

lá do alto da montanha, o insuportável cheiro da memória

E, no fim das contas, certo estava era o poeta:

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

(...)

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

[Resíduo, CDA]

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